Interrompe-me o sono, planta de tempo insone, e abandona-me, assim, com os sulcos ténues do pecado mortal.
A subtileza do toque, o suster da respiração do cheiro, a inigualável tentação - amor platónico só meu!
Tenho-me neste quarto. Estranho-me, desconheço-o.
O ziguezaguear do papel de parede confunde-me quando junto ao ziguezaguear do cobertor. Sinto que o quarto, todo ele, ironicamente, faz troça de mim.
Caminho o olhar pelo chão insuportável, pelo sofá roto e pelo armário imundo. Procuro, como sempre fiz, a mais ténue sensação de prazer, nos escombros de tudo o que, infinitamente pessoal, me parece deslocado por opção, mas permaneço numa apatia estonteante capaz de matar com tal expressão de indiferença.
Eis-me aqui, após o meu primeiro trago de vinho.

3 comentários:
Escreves tão bem *.*
quero que me dês um autógrafo, assim quando fores famosa eu já tenho um, que um dia irá ser muito valioso :D
Lilla
Escreves tão bem *.*
quero que me dês um autógrafo, assim quando fores famosa eu já tenho um, que um dia irá ser muito valioso :D
Lilla
Gostei :)
A tua maneira de escrever é parecida com a do George Orwell.
Escreves muito bem parabéns, continua, tens muito jeito. ;)
Kim
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