Damos tudo por uma causa, seguimos na esperança de alcançar o que queremos; vestimos os nossos coletes à prova de bala e atiramo-nos para uma guerra, onde se ganham e perdem batalhas pessoais, onde se morre o mesmo que se nasce, onde crescemos, aprendendo.
Quando uma grande batalha se aproxima, o medo nasce, mas a vontade de lutar mais uma vez, uma última vez, vence, até, o receio da morte; a vontade de alcançar a acalmia e o objectivo depois de uma eternidade a querer e a poder é o que nos move.
Por algum motivo, perdemos essa batalha. Vem a desilusão, a falta de confiança e a auto-análise. As batalhas repetem-se com o mesmo inimigo. A inconstância dele faz com que acabemos por desistir, por morrer.
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
sexta-feira, 4 de julho de 2008
Pulsação
Escreves incontrolavelmente; sabes o que escreves, que medes, que te perdes.
Conheces, sei que reconheces este cheiro, que tens medo, que te queres apoderar de uma fuga, já não te lembras bem como voltou a acontecer. Atrás das palavras deixou de haver alguma coisa e, na tua cabeça, nem os gestos, já, fazem qualquer sentido. Não exactamente, agora, já só sabes que respiras, é o que sabes, é o que te permites, ainda, saber.
Conseguiste que o teu olhar se perdesse; é, não o teu corpo, mas a tua alma que te pertence e tu tentas, deseperadamente, como outrora, encontrar o tema, o assunto, o cerne, o fundo da tua estadia em ti; tu sentes-te e sei que percebes ser uma pessoa sem razão.
Tu não querias, não o fizeste propositadamente, mas ri-te comigo, sabes que tudo fica melhor quando o fazemos em conjunto.
Conhecemos tão bem a situação: a porta ficou fechada, mas, mais uma, uma vez, uma última vez, não a trancámos e ela abriu. Tens medo, mas queres saber se é a corrente de ar que regressa, mas que sempre foge, que dilata os teus poros, que te arrepia, que faz morrer tudo o que sabes, sem que consigas travar, travar bem fundo, a fundo, parar.
Já (não) sabes.
domingo, 20 de abril de 2008
Como entrar, como arder
Estou a pensar na palavra “desencadeia-se”, numa chávena, num pano e numa melancia. É, apetecia-me uma melancia: cuspir as pevides como se nelas estivessem contidos todos os equívocos. Estou a pensar em incandescência, não consigo verbalizar o que penso. O não sentido acorre-se de uma acalmia lânguida, mas crescente. Sofro de falta de verdade, sim, sofro! Neste momento, não quero mais saber de escrever. Não há ideias e, muito menos, as palavras saem na sua forma peculiar de ser.
Não. Sei lá eu ser humana quando todas as respostas que sempre procurei, só as encontro quando no dia seguinte as vou esquecer.
Esquecer... esquecer…
Quinta-feira, 17 de Abril
sábado, 22 de março de 2008
Parar. Desmembrar tudo o que sinto num lago inquestionavelmente sujo. Parou.
Não me seguiu mais e deixou de ouvir as minhas conversas com o mundo, mundo esse que deixou de ter espaço para o ser. Pára, por favor. Não me toques mais. Tenho nojo do que me fazes sentir ao suspirares no meu ouvido. Páro. Cerrei os meus olhos para nunca mais olhar para ti, para nunca mais olhar teus olhos a chamar por mim. Pararia. Se soubesse mais cedo o que me trazias nos bolsos, tudo teria sido diferente. Não queres que eu pare. Mas vou parar. Não porque tem de ser, mas porque quero. Parei.Sigo sem ti o meu caminho e agora posso beber.
Sim, meu amor. Sem ti, vou beber.
terça-feira, 18 de março de 2008
Afins e Enfins
Desejo fumar. Tomar para mim a quietude de um cigarro, ver, deleitada, a total beatitude do fumo vagueando, pacientemente, pelo ar. Sentir no vão dos dedos a responsabilidade de erguer o cigarro, não deixando a cinza transformar-se num manto turvo de pó. Morro por saber sentir-me prepotente por detrás de uma relação de total dependência e indefinido prazer
Interrompe-me o sono, planta de tempo insone, e abandona-me, assim, com os sulcos ténues do pecado mortal.
Interrompe-me o sono, planta de tempo insone, e abandona-me, assim, com os sulcos ténues do pecado mortal.
A subtileza do toque, o suster da respiração do cheiro, a inigualável tentação - amor platónico só meu!
Tenho-me neste quarto. Estranho-me, desconheço-o.
O ziguezaguear do papel de parede confunde-me quando junto ao ziguezaguear do cobertor. Sinto que o quarto, todo ele, ironicamente, faz troça de mim.
Caminho o olhar pelo chão insuportável, pelo sofá roto e pelo armário imundo. Procuro, como sempre fiz, a mais ténue sensação de prazer, nos escombros de tudo o que, infinitamente pessoal, me parece deslocado por opção, mas permaneço numa apatia estonteante capaz de matar com tal expressão de indiferença.
Eis-me aqui, após o meu primeiro trago de vinho.
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