Escreves incontrolavelmente; sabes o que escreves, que medes, que te perdes.
Conheces, sei que reconheces este cheiro, que tens medo, que te queres apoderar de uma fuga, já não te lembras bem como voltou a acontecer. Atrás das palavras deixou de haver alguma coisa e, na tua cabeça, nem os gestos, já, fazem qualquer sentido. Não exactamente, agora, já só sabes que respiras, é o que sabes, é o que te permites, ainda, saber.
Conseguiste que o teu olhar se perdesse; é, não o teu corpo, mas a tua alma que te pertence e tu tentas, deseperadamente, como outrora, encontrar o tema, o assunto, o cerne, o fundo da tua estadia em ti; tu sentes-te e sei que percebes ser uma pessoa sem razão.
Tu não querias, não o fizeste propositadamente, mas ri-te comigo, sabes que tudo fica melhor quando o fazemos em conjunto.
Conhecemos tão bem a situação: a porta ficou fechada, mas, mais uma, uma vez, uma última vez, não a trancámos e ela abriu. Tens medo, mas queres saber se é a corrente de ar que regressa, mas que sempre foge, que dilata os teus poros, que te arrepia, que faz morrer tudo o que sabes, sem que consigas travar, travar bem fundo, a fundo, parar.
Já (não) sabes.
